Pular para o conteúdo principal

Bocas Abertas, Mentes Fechadas

 
     Ela morava na cidade grande. Lá aprendeu a pensar, a não julgar, a aceitar as pessoas como elas são. Tinha uma mente super aberta, e entrava em contato com vários tipos de pessoas,  gays, roqueiros, ateus, usuários de maconha, evangélicos entre outros, e nenhuma preocupação do que iam falar dela. E quem ia falar? Com essas pessoas, ela aprendeu a ver além dos rótulos, o que tinha por trás deles.  E com isso, descobriu seres humanos iguais a todos.  Por trás desses rótulos existiam pessoas, chatas, boas, e outras até toleráveis, de bom e mau caráter. Ela colheu para si as boas, e fez delas amigos.
    Certo dia foi obrigada, por motivos pessoais, a morar no interior. Vida tranquila, pessoas acolhedoras, mas com um detalhe que até então ela não estava acostumada a conviver, as pessoas pensavam totalmente diferente dela. Elas tinham o que costumam chamar de 'mentes fechadas' ao novo e ao diferente, e se comportam como paparazes que espiam, espalham, e distorcem os fatos. E ela, apesar de ter um jeito particular de se vestir, cortar o cabelo e pensar, de início lidou com isso muito bem.
     Um ano se passou, enturmada e acostumada com o interior, ou pelo menos a quase tudo, decide viajar com sua melhor amiga a uma festa de sua banda de rock preferida. Lá foram a vários passeios e postaram inúmeras fotos nas suas redes sociais. Na volta, e passado alguns dias, sua amiga chega chorando em sua casa, e ela sem entender nada até então,  a pediu que entrasse e contasse o que estava acontecendo. Boatos, esse era o problema. Algo rotineiro ali, só que dessa vez as personagens eram as duas amigas. As duas foram taxadas de lésbicas por algumas pessoas, e aquilo atingiu muito o psicológico de sua amiga, ao ponto de mesmo sem querer, dizer que terá que se afastar dela. Triste, ela entendeu o lado de sua amiga, em não saber lidar com isso, pois crescer numa cidade assim, "é natural" esse tipo de atitude. E a partir dali, ela decidiu, "vou embora desse lugar".
   
      
  

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Lado A, Lado B

A-  Ele sempre chega de carro, toca no interfone, apartamento 503 , sobe e passa horas com ela. Não escuto barulho nenhum, ficam no sofá vendo TV e namorando entre os intervalos da novela. O sexo é feito com cuidado devido o barulho. Ela deve usar um travesseiro na boca impedindo que o som do prazer se espalhe pelo edifício. Muitas vezes depois de horas, escuto a água do chuveiro caindo no chão, alguns casais gostam de tomar banho juntos depois de uma relação. Eles sempre saem de carro altas horas, com certeza vão para algum barzinho terminar a noite. Sem dúvidas, são namorados, pois isso se repete várias vezes por semana. Mulher morando só, num sei não!  B-  Eu sempre vou de carro, toco o interfone, apartamento 503, subo e passo horas com ela. A gente liga a TV na sala e vamos conversar no quarto, sobre tudo que vem a mente. Ela gosta de falar sobre sua vida, seus problemas, seus estudos, suas desilusões. Vê em minha pessoa alguém digno de sua confiança, ela mesma já me falou is

O Mal Das Escolas

Eu sofri bullying na escola e um pouco fora dela, mas nada muito grave. Sei que pessoas passam por situações piores nas mãos de covardes que querem a todo custo alimentar seu ego, sua necessidade de estar sempre por cima.  Confesso que hoje eu olho para as pessoas que o praticava e não tenho  inveja de onde chegaram, e de alguns poucos, do que se tornaram...  Certo dia, assisti um filme com amigos o qual abordava esse tema.  Um dos amigos questionava como a vítima (personagem)  podia ser tão burra e não fazia nada pra mudar aquilo, não dizia a ninguém, sofria calado. Mas se pensarmos bem, como ele ia se arriscar e contar a alguém no meio de tantas ameaças? Muitas vezes, como no filme, querem se proteger, e as vezes até a família de uma possível vingança. Mesmo sabendo que existe uma dificuldade de falar pra alguém, eu ainda acredito que a solução é falar, é enfrentar os medos...  Geralmente o alvo do bulliyng são pessoas que tem algo de belo a oferecer ao mundo, e simplesmente a inv

E Que Fale O Tempo...

Eu estava aqui sem muita inspiração para escrever, mas na falta do que fazer, resolvi pensar e tentar jogar aqui "metade do inteiro que eu sinto" neste momento... Tento viajar através do pensamento pra algum lugar onde eu possa inventar a coragem de falar, viajar pra algum lugar onde eu possa mostrar por completo o que sinto... Meu coração insiste em viver na terra do nunca, insiste em ser criança, se apega fácil ao doce que lhe é dado, ao brinquedo que mesmo não sendo dele, não quer que levem embora...  As vezes o tempo é injusto, eu dou a ele a chance de me mostrar o seu poder, mas sua indiferença me faz ficar angustiado, quanto mais o tempo fala, as dúvidas aumentam, e não vejo o que tá disperso se solidificar. Apesar de tudo, sr tempo, eu te admiro e confio em você, e por isso, eu vou deixar você falar, me ensinar que não existe tempo longo quando o que você  quer já estar dentro de você.