Ela morava na cidade grande. Lá aprendeu a pensar, a não julgar, a aceitar as pessoas como elas são. Tinha uma mente super aberta, e entrava em contato com vários tipos de pessoas, gays, roqueiros, ateus, usuários de maconha, evangélicos entre outros, e nenhuma preocupação do que iam falar dela. E quem ia falar? Com essas pessoas, ela aprendeu a ver além dos rótulos, o que tinha por trás deles. E com isso, descobriu seres humanos iguais a todos. Por trás desses rótulos existiam pessoas, chatas, boas, e outras até toleráveis, de bom e mau caráter. Ela colheu para si as boas, e fez delas amigos.
Certo dia foi obrigada, por motivos pessoais, a morar no interior. Vida tranquila, pessoas acolhedoras, mas com um detalhe que até então ela não estava acostumada a conviver, as pessoas pensavam totalmente diferente dela. Elas tinham o que costumam chamar de 'mentes fechadas' ao novo e ao diferente, e se comportam como paparazes que espiam, espalham, e distorcem os fatos. E ela, apesar de ter um jeito particular de se vestir, cortar o cabelo e pensar, de início lidou com isso muito bem.
Um ano se passou, enturmada e acostumada com o interior, ou pelo menos a quase tudo, decide viajar com sua melhor amiga a uma festa de sua banda de rock preferida. Lá foram a vários passeios e postaram inúmeras fotos nas suas redes sociais. Na volta, e passado alguns dias, sua amiga chega chorando em sua casa, e ela sem entender nada até então, a pediu que entrasse e contasse o que estava acontecendo. Boatos, esse era o problema. Algo rotineiro ali, só que dessa vez as personagens eram as duas amigas. As duas foram taxadas de lésbicas por algumas pessoas, e aquilo atingiu muito o psicológico de sua amiga, ao ponto de mesmo sem querer, dizer que terá que se afastar dela. Triste, ela entendeu o lado de sua amiga, em não saber lidar com isso, pois crescer numa cidade assim, "é natural" esse tipo de atitude. E a partir dali, ela decidiu, "vou embora desse lugar".
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