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Em Um Certo Banco


Certo dia decidi caminhar por ai e vi uma jovem sentada em um banco de uma pracinha da cidade, com cotovelos no joelhos e mãos no rosto, chorando e sozinha.  Com receio de ser inconveniente decidi sentar ao seu lado e perguntar se eu poderia ajudá-la. Ela volta a posição vertical e diz:
- Na verdade não, tá tudo muito confuso! Não adianta tentar explicar o que se passa na minha cabeça, ninguém vai entender. O que sinto até reflete no que faço, mas não tão nítido. Cabeça confusa, louca, pedindo socorro. A angústia mal educada sempre entra sem bater e se acomoda como se estivesse em casa. Isso que acontece quando se dar brecha aos inconvenientes, né verdade?  Quando isso vai acabar? Quando vou vencer isso? Quando vou conseguir agir naturalmente perante os outros sem me preocupar com minha postura, com o que vou falar, como vou falar, se estou falando certo ou errado, se estou argumentando de forma que vão entender, quando? As vezes me sinto como se o mundo não fosse feito pra mim. Isso me consume, me atormenta, me atrasa. Desculpa tá falando tudo isso, nem te conheço e já estou te enchendo de asneiras.
Preocupado, disse a ela que não via problema nenhum e que  poderia desabafar. Ela estava muito angustiada e provavelmente não tinha amigos que pudessem ouvi-la. Notei que ficou envergonhada, e de repente saiu meio atordoada dizendo:
-  Desculpa! Tenho que ir. Estou atrasada.
Continuei minha caminhada tentando entender tudo que aquela moça falou. Como ela estava triste, como existem pessoas angustiadas necessitando de alguém pra um desabafo, que precisam ser entendidas. No fundo eu sei que a ajudei, que ela se sentiu menos pesada. Acho que desabafar para um desconhecido se tornou fácil pois ela sabia que depois não ia ser julgada e nunca aquilo ia ser usado contra ela. Não sei!




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